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Instituição CoinEx | Pagamento LEGO: visão geral dos projetos de fluxos de pagamento (I)

2022-04-19 02:07:26

1. A Origem dos Fluxos de pagamentos

Enquanto estudava na London School of Economics (LSE) em 1949, o economista neozelandês William Phillips (“Bill” Phillips) inventou o MONIAC (Monetary National Income Analogue Computer), que consistia em uma série de tanques e tubos de plástico transparente para simular o processo da economia nacional do Reino Unido.

Phillips ilustrou os fluxos constantes de dinheiro através dos fluxos de água, o que reflete o estado natural do dinheiro — ele flui ao longo do tempo.

(Fonte: https://www.researchgate.net/)

Em uma economia nacional, o tempo funciona como a ponte que conecta salários, gastos do consumidor, fundos de investimento e gastos do governo. Imagine um mundo com “fluxo de dinheiro”, os pagamentos não são mais pontuais, mas contínuos, permitindo a conclusão de transferências em segundos.

O tempo determina o patrimônio líquido das pessoas. Em teoria, o trabalho deveria ser pago em tempo real, mas fatores como custos de gestão nos impedem de conseguir pagamentos desta forma. 

Felizmente, o advento da tecnologia blockchain removeu as restrições espaciais (pagamentos sem fronteiras) e temporais de pagamento. Com a blockchain podem ser realizados a cada segundo, dando origem a um fluxo contínuo. Esse modelo é chamado de “fluxo de pagamento”, ou pagamento em tempo real. 

O conceito de fluxo de pagamento foi proposto pela primeira vez por Andreas Antonopoulos, autor de Mastering Bitcoin, em 2017. Em 2019, Paul Razvan Berg implementou a tecnologia por meio de contratos inteligentes Ethereum e fundou um projeto chamado Sablier.

2. A realização de fluxo de pagamento

Os fluxos de pagamento são alcançados por meio de contratos inteligentes e programação de criptoativos. Ele define a relação direcional entre dois endereços de conta (remetente e destinatário): uma vez que um fluxo é criado pelo remetente, o dinheiro é continuamente enviado para o destinatário de acordo com determinada regra ou dentro de um determinado período.

As regras dos contratos inteligentes diferem entre os cenários e podem ser colocadas nas seguintes categorias:

a. Fluxos com valor fixo

Esta regra se aplica a cenários (por exemplo, investimento) em que o valor do pagamento e o horário de início e término são conhecidos. Durante o período entre a hora de início e a hora de término o dinheiro é transmitido para o destinatário por segundo a uma determinada taxa de transmissão.

Taxa de fluxo = Valor do pagamento / (Hora de término — Hora de início)

Saldo de fluxo= Taxa de fluxo * (Hora atual — Hora de início)

b. Fluxos com taxas fixas

Esta regra se aplica a cenários (por exemplo, pagamento de salário) onde não há tempo de parada fixo. Após o horário de início, o dinheiro é transmitido para o destinatário por segundo a uma taxa de fluxo específica até atingir o valor máximo.

Além disso, a regra exige qualquer hora de término — a duração do fluxo pode ser estendida aumentando o valor máximo do pagamento.

Hora de término = (Valor máximo de pagamento / Taxa de fluxo) + Hora de início

Saldo de fluxo = Taxa de fluxo * (Hora atual — Hora de início)

c. Fluxos com parcelas

Esta regra é aplicável a fluxos com uma grande quantidade fixa. Além disso, com essa regra, o número de parcelas pode ser definido aleatoriamente e o fluxo de caixa não será mais ocupado.

Deve-se notar que o valor transferido por meio de um fluxo não é o valor real e não veremos esses pagamentos em andamento em todos os blocos. O que é transferido via fluxo é o “saldo transmitido”, que é o valor que o remetente ou destinatário possui em um determinado ponto do protocolo de fluxo de pagamento. 

Além disso, o remetente/destinatário pode encerrar o fluxo a qualquer momento antes do término e obter o saldo transmitido naquele momento fazendo saques.

 

3. Visão geral dos projetos de fluxo de pagamento

Neste capítulo, apresentaremos quatro projetos de fluxo de pagamento que estão disponíveis atualmente no mercado em termos de rede implantada, estrutura técnica, recursos do produto e processo interativo.

a. Sablier

O Sablier, o primeiro protocolo de fluxo de pagamento, foi lançado em 14 de dezembro de 2019. De acordo com dados do DeFi Pulse, o seu valor total bloqueado (TVL) atingiu US$ 158 milhões no final de março de 2022 e alcançou o pico de US$ 800 milhões em novembro de 2021.

A maior parte do TVL vem de protocolos que usam o Sablier para desbloquear tokens. Considerando que os projetos podem desbloquear tokens automaticamente e os destinatários podem reivindica-los sem problemas. 

(Fonte: DeFi Pulse)

As redes principais suportadas pelo Sablier agora incluem Ethereum, Arbitrum, Avalanche, BSC, Optimism e Polygon. Também suporta redes de teste como Goerli, Kovan e Rinkeby. Além disso, apresenta ampla gama de pagamentos de token dentro dessas redes, abrangendo stablecoins atreladas ao USD, stablecoins atreladas a outras moedas fiduciárias, ativos Wrapped, bem como certos tokens nativos na rede.

Sablier apresenta uma interface de usuário bem projetada e operações simples. O protocolo fornece interfaces de operação separadas para remetentes e destinatários. Ao criar um fluxo de pagamento, o remetente precisa apenas inserir o tipo de token, valor total, endereço do destinatário e duração (variando de 1 hora a 20 anos).

Durante esse processo, as taxas inclusas são a de gás e a da plataforma (parte dos tokens é deduzida do fluxo). Quando o contrato é criado, um link de compartilhamento de informações aparecerá no web app, levando o remetente a uma página onde pode visualizar informações como o valor do token transmitido, tempo restante, bem como a retirada montante por parte do destinatário.

Ao clicar em “Links” é possível acessar o explorador de blockchain e conferir informações sobre a transação. O remetente também pode selecionar “Cancelar” para encerrar a operação. Se um fluxo for cancelado antes do horário de término definido, o dinheiro que foi transmitido ainda pertence ao destinatário e os depósitos restantes serão devolvidos ao remetente.

No caso do fluxo acima, a interface do destinatário é semelhante a do remetente, e a única diferença é o botão “Retirar” para sacar o valor que foi transmitido.

O destinatário precisa sacar o dinheiro para que ele seja transferido para sua carteira, caso contrário, os fundos permanecerão no protocolo Sablier. 

(Fonte: Sablier’s official website)

O Sablier foi adquirido pela Hifi Finance em julho de 2021 e ainda não emitiu nenhum token. 

b. Superfluid 

O Superfluid atraiu muita atenção durante a “febre dos airdrops” e também foi uma das tarefas do RabbitHole. Inicialmente, Superfluid foi listado apenas em Polygon e xDAI (Gnosis Chain). 

Agora, também é implantado em Arbitrum e Optimism. Em termos de Testnets, o Superfluid suporta Arbitrum Rinkeby, Avalanche Fuji, Goerli Testnet, Kovab Testnet, Optimism Kovab, Polygon Mumbai, Rinkeby Testnet e Ropsten Testnet.

A estrutura do Superfluid cobre principalmente os seguintes componentes:

Estrutura de Super Acordo

O Super Agreement ou Super Acordo é o fundamento do Superfluid que permite expandir e adicionar novos recursos. Também é a chave de pagamento LEGO. Ele consiste em um contrato de host e vários contratos de acordo, que devem estar na lista de aprovação, caso contrário, o contrato host não executará o código do contrato.

Para ser mais específico, o Superfluid possui dois acordos:

1) Contrato de Fluxo Constante (CFA, em inglês), que permite que os tokens saiam da carteira do usuário;

2) Contrato de Distribuição Instantânea (IDA, em inglês), que permite que um usuário envie tokens para vários destinatários em uma transação.

O uso independente ou combinado dos dois contratos permite uma ampla gama de cenários de aplicação. Além disso, a comunidade Superfluid também está explorando acordos mais inovadores e práticos.

Estrutura de Super Token 

Os Super Agreements definem as “regras” de como um Super Token pode se comportar. Existem dois tipos de Super Tokens: 

1) Wrapper Super Token (a versão encapsulada dos tokens ERC20);

2) Super Token Personalizado (tokens sem um ativo subjacente).

O primeiro é empacotado em uma proporção de 1:1 através do protocolo Superfluid (posteriormente resgatado em uma proporção de 1:1 a qualquer momento), e o último é emitido através de Superfluid e compatível com ERC777 e ERC20.

A estrutura de token do Superfluid vem com os seguintes recursos:

Padrão de token ERC777 estendido: Tokens que podem reagir a determinados eventos usando callbacks;

Capacidades de Lote: Os usuários podem fazer várias coisas em uma única transação;

Meta-Transações: Permite transações onde uma pessoa cria e assina dados off-chain, que são executados por outra pessoa que paga o Gás.

Estrutura de Super App

Um Super App pode “gerenciar” contratos e responder a mudanças. É aqui que os desenvolvedores podem escrever sua própria lógica/comportamento personalizada. Mais especificamente, os cenários que envolvem acordos de chamada incluem:

Se o remetente começar a transmitir um token para o contrato, outro token (por exemplo, wrapped tokens) será transmitido de volta automaticamente usando o CFA. Se uma equipe de projeto desbloquear tokens, a IDA distribuirá tokens a todos os investidores.

De um modo geral, o valor real do Superfluid é que ele efetivamente alivia dois problemas: dificuldades de gerenciamento de chaves e taxas caras de gás. Além disso, o protocolo criou uma nova rede combinável e escalável de fluxo de valor, o que demonstra o charme do espaço blockchain. 

No Superfluid, antes de criar um fluxo de pagamento, o usuário (remetente) deve primeiro colocar os tokens em sua carteira ou criar tokens personalizados. Em seguida, o remetente precisa inserir ou selecionar determinadas informações, incluindo o endereço do destinatário, o tipo de token e a taxa de fluxo (única, diária, semanal, mensal e anual).

Deve-se notar que um buffer será retido de todos os fluxos, exceto para pagamento único, e será retornado quando o usuário fechar o fluxo ou será deduzido quando o saldo do token for 0. O modelo de Superfuld é com um fluxo de taxa fixa.

Desde que o saldo do token da conta Superfuld não seja zero, o fluxo continuará até que o remetente ou destinatário o cancele. Os tokens recebidos pelo destinatário também são super tokens, que só serão exibidos em uma carteira após serem convertidos de volta para o ativo original (unwrapped).

Favorecida por muitos investidores institucionais, a Superfluid anunciou em julho de 2021 que havia recebido um financiamento de rodada inicial de US$ 9 milhões, com o envolvimento de investidores que incluem Multicoin Capital, Delphi Digital e DeFiance Capital.

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